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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Descobri trinta anos

Foto: Irene Lamprakou

Verdade é que com trinta anos se descobre muitas coisas, não como um passe de mágica, mas com trabalho e empenho. Se bem que há pessoas que nunca descobrem, podem estar com 60 anos vivendo as mesmas coisas e com os mesmos pensamentos atrasados.

Descobri que temos que fazer um esforço para sermos melhores, que ser bom de verdade é um luxo, uma qualidade para poucos, porque a maioria só quer ver a infelicidade dos outros.

Como psicológa descobri ainda mais. Que se enxergar dói mesmo e pagar para isso numa sala de terapia tem que ser muito raçudo, muito corajoso, muito "tudo de bom" e, ainda assim, tem aqueles que só enrolam e ainda acabam saindo da terapia devendo dinheiro ao terapeuta e isso é feio demais. É humano? Sim, mas é bem vergonhoso. Deve ser por isso que não voltam para pagar, porque já cometeram a garfe.

Descobri que ter trinta, significa ter muito mais pela frente, ainda se é muito jovem, mas os mais novos não imaginam isso e pensam que terão vinte a vida toda.
Às vezes passa um filme na cabeça, momentos em que fui tola, imatura, igoísta e hoje isso não me machuca tanto, me faz ser mais forte.

Descobri que cuidar mais da minha pele, dos meus dentes, do meu intelecto e das minhas emoções nunca é demais. Que filhos me darão trabalho mas que, possivelmente, me farão falta, se não os tiver.

As teorias psicológicas nunca me fizeram tanto sentido. A noção de que nada é por acaso é forte e que tudo que acontece conosco é simplesmente por vontade ou incompetência nossa. Claro que os outros podem desajudar, mas somos o centro da nossa vida.

Descobri também que espíritos obsessores são partes nossas, partes desconhecidas da nossa psiquê, as quais Jung chamou de sombra.
Lembrei de uma frase de Carl Gustav JUNG - Pai da Psicologia Analítica:
"A natureza humana é capaz de um mal infinito. ...Hoje, como nunca dantes, é importante que os seres humanos não subestimem o perigo representado pelo mal que espreita dentro deles. Ele é, infelizmente, bastante real, e é por essa razão que a Psicologia deve insistir na realidade do mal e deve rejeitar qualquer definição que o considere insignificante ou na verdade inexistente."

Quanto mais estudo, mais me aprofundo, menos acredito em dogmas e vejo como são manipulados. Eles foram feitos para organizar as grandes massas e simplificam a forma de ver a realidade, para que todos a entendam. É bem vindo para muitos que necessitam, mas eu não preciso disso, já passei desse nível, ao contrário, qualquer descoberta de um mistério me fascina e eu não tenho medo de enxergar, sou capaz de tirar as minhas próprias conclusões e aplicar.

Não frenquento a igrejas, mas penso que o mundo deveria parar, até resolvermos a questão da fome, dos menores sem família e do tráfico. Eu seria uma das primeiras pessoas (porque não sou a única inconformada) a sair de casa para ajudar.
Adoto o pensamento radical quando se trata de bem humanitário.

Um das melhores coisas que descobri, foi ter a certeza do quanto o ser humano pode ser invejoso e ruim. Não estou falando de você, estou falando da natureza humana e, é claro, que existem pessoas que lutam contra isso. Foi assim que descobri como me proteger, pois passei a ver que não é tão difícil alguém desejar o seu mal, por mais que você seja legal e sincero.
Dizem que sou ingênua, porque acredito no bem. Sou alguém que adora um sorriso, que elogia quando gosta, que conversa com qualquer pessoa que se mostra receptiva, educada e gentil.
Acredito na boa convivência generosa e em muito mais que isso, no desejo de fazer o bem e ajudar no que for preciso, aquele sentimento bom que vem para ser maior que qualquer coisa, qualquer impedimento, competição, medo, desconfiança. Eu tenho muita fé no bem.
Sempre encontramos amores parecidos, pois buscamos e nos apaixonamos por pessoas parecidas, antes de tudo com nós mesmos. A paixão passa, mas o amor tem que continuar a ser construído e isso pode ser bastante difícil, mas se existir respeito e dedicação a vida a dois pode ser uma delícia.
Valorizo muito a minha vida, o meu corpo, os meus sentimentos e desejo continuar acreditando que as pessoas podem ser melhores, assim como eu luto para ser todos os dias e só de pensar que as minhas desobertas só estão começando fico muito contente.


Por Cintia Liana


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Foto: Getty Images

Nessas minhas novas andanças por blogs e "escrivinhanças" tenho descoberto tanta gente boa, e como escrevem bem... Exprimem sentimentos em pequenas palavras, com um jeito de escrever todo especial. De alguma forma, tenho me sentido acompanhada em meus ideais.
Li agora o texto "Trinta anos", do blog www.filigranademim.blogspot.com e por, um momento pensei, que estivesse me lendo. Que bom que não vivemos a sós e que existem pessoas sensíveis, que também lamentam não termos um mundo mais justo, onde predomine o sentimento de amor. Mas, melhor ainda, que podemos fazer algo, ao invés de somente lamentar.
Por falar nisso, em fazer algo, visitem meu outro blog:
..."Não desejo felicidade, palavra vazia, banalmente reduzida à antônimo de angústia. Desejo bem aventurança e ausência total de culpas"... [Mônica Montone - http://finaflormonicamontone.com]

[A foto acima me intriga. O que será que pensavam essas mulheres naquela época? Será que era muito diferente do que pensamos hoje?]

Por Cintia Liana

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