Para estarmos em sintonia com o mundo, devemos questionar os nossos desejos e a viabilidade da realização deles. A nossa consciência sempre deve estar acima das nossas vontades. Devemos estar a favor do nosso crescimento. Assim age o homem maduro, sábio, superior. Assim age o homem de boa vontade. Quem já conquistou isso é um homem livre, livre da pior de todas as amarras, as suas próprias.
Cintia Liana
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Ser adulto
"É consentir em certos sacrifícios, renunciar às pretensões exorbitantes, aprender que é melhor 'vencer nossos desejos do que a ordem do mundo' (Descartes). É descobrir que o obstáculo não é a negação, e sim a própria condição da liberdade. É reconhecer que nunca nos pertencemos inteiramente, que de certa maneira nos devemos ao próximo, que abala nossa pretensão à hegemonia. Por fim, é compreender que é preciso nos formar transformando-nos, que nos fabricamos sempre contra nós. Em resumo, tornar-se adulto é fazer o aprendizado dos limites, é renunciar às nossas loucas esperanças e trabalhar para ser autônomo, capaz tanto de se inventar quanto abstrair-se de si."
Pascal Bruckner, A tentação da inocência, pg. 104.
Texto extraído do Blog "Palavra Aguda".
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SALVE SALVE 2010!
QUE VENHAM A PAZ, A ALEGRIA, A SAÚDE, O AMOR E A BEM AVENTURANÇA!
"L'amore può essere dolce come una pesca e in Italia le pesce sono molto dolci."
Cintia Liana
["O amor pode ser doce como um pêssego e na Itália os pêssegos são muito doces.]
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Encontrei essa poesia da querida Adélia Prado no Blog Boteco Literário. Linda! Dá pra sentir que é nas pequenas coisas que mora a doçura do amor.
CASAMENTO (Adélia Prado)
Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como ‘este foi difícil’ ‘prateou no ar dando rabanadas’ e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.
Verdade é que com trinta anos se descobre muitas coisas, não como um passe de mágica, mas com trabalho e empenho. Se bem que há pessoas que nunca descobrem, podem estar com 60 anos vivendo as mesmas coisas e com os mesmos pensamentos atrasados.
Descobri que temos que fazer um esforço para sermos melhores, que ser bom de verdade é um luxo, uma qualidade para poucos, porque a maioria só quer ver a infelicidade dos outros.
Como psicológa descobri ainda mais. Que se enxergar dói mesmo e pagar para isso numa sala de terapia tem que ser muito raçudo, muito corajoso, muito "tudo de bom" e, ainda assim, tem aqueles que só enrolam e ainda acabam saindo da terapia devendo dinheiro ao terapeuta e isso é feio demais. É humano? Sim, mas é bem vergonhoso. Deve ser por isso que não voltam para pagar, porque já cometeram a garfe.
Descobri que ter trinta, significa ter muito mais pela frente, ainda se é muito jovem, mas os mais novos não imaginam isso e pensam que terão vinte a vida toda.
Às vezes passa um filme na cabeça, momentos em que fui tola, imatura, igoísta e hoje isso não me machuca tanto, me faz ser mais forte.
Descobri que cuidar mais da minha pele, dos meus dentes, do meu intelecto e das minhas emoções nunca é demais. Que filhos me darão trabalho mas que, possivelmente, me farão falta, se não os tiver.
As teorias psicológicas nunca me fizeram tanto sentido. A noção de que nada é por acaso é forte e que tudo que acontece conosco é simplesmente por vontade ou incompetência nossa. Claro que os outros podem desajudar, mas somos o centro da nossa vida.
Descobri também que espíritos obsessores são partes nossas, partes desconhecidas da nossa psiquê, as quais Jung chamou de sombra.
Lembrei de uma frase de Carl Gustav JUNG - Pai da Psicologia Analítica:
"A natureza humana é capaz de um mal infinito. ...Hoje, como nunca dantes, é importante que os seres humanos não subestimem o perigo representado pelo mal que espreita dentro deles. Ele é, infelizmente, bastante real, e é por essa razão que a Psicologia deve insistir na realidade do mal e deve rejeitar qualquer definição que o considere insignificante ou na verdade inexistente."
Quanto mais estudo, mais me aprofundo, menos acredito em dogmas e vejo como são manipulados. Eles foram feitos para organizar as grandes massas e simplificam a forma de ver a realidade, para que todos a entendam. É bem vindo para muitos que necessitam, mas eu não preciso disso, já passei desse nível, ao contrário, qualquer descoberta de um mistério me fascina e eu não tenho medo de enxergar, sou capaz de tirar as minhas próprias conclusões e aplicar.
Não frenquento a igrejas, mas penso que o mundo deveria parar, até resolvermos a questão da fome, dos menores sem família e do tráfico. Eu seria uma das primeiras pessoas (porque não sou a única inconformada) a sair de casa para ajudar.
Adoto o pensamento radical quando se trata de bem humanitário.
Um das melhores coisas que descobri, foi ter a certeza do quanto o ser humano pode ser invejoso e ruim. Não estou falando de você, estou falando da natureza humana e, é claro, que existem pessoas que lutam contra isso. Foi assim que descobri como me proteger, pois passei a ver que não é tão difícil alguém desejar o seu mal, por mais que você seja legal e sincero.
Dizem que sou ingênua, porque acredito no bem. Sou alguém que adora um sorriso, que elogia quando gosta, que conversa com qualquer pessoa que se mostra receptiva, educada e gentil.
Acredito na boa convivência generosa e em muito mais que isso, no desejo de fazer o bem e ajudar no que for preciso, aquele sentimento bom que vem para ser maior que qualquer coisa, qualquer impedimento, competição, medo, desconfiança. Eu tenho muita fé no bem.
Sempre encontramos amores parecidos, pois buscamos e nos apaixonamos por pessoas parecidas, antes de tudo com nós mesmos. A paixão passa, mas o amor tem que continuar a ser construído e isso pode ser bastante difícil, mas se existir respeito e dedicação a vida a dois pode ser uma delícia.
Valorizo muito a minha vida, o meu corpo, os meus sentimentos e desejo continuar acreditando que as pessoas podem ser melhores, assim como eu luto para ser todos os dias e só de pensar que as minhas desobertas só estão começando fico muito contente.
Nessas minhas novas andanças por blogs e "escrivinhanças" tenho descoberto tanta gente boa, e como escrevem bem... Exprimem sentimentos em pequenas palavras, com um jeito de escrever todo especial. De alguma forma, tenho me sentido acompanhada em meus ideais.
Li agora o texto "Trinta anos", do blog www.filigranademim.blogspot.com e por, um momento pensei, que estivesse me lendo. Que bom que não vivemos a sós e que existem pessoas sensíveis, que também lamentam não termos um mundo mais justo, onde predomine o sentimento de amor. Mas, melhor ainda, que podemos fazer algo, ao invés de somente lamentar.
Por falar nisso, em fazer algo, visitem meu outro blog:
..."Não desejo felicidade, palavra vazia, banalmente reduzida à antônimo de angústia. Desejo bem aventurança e ausência total de culpas"... [Mônica Montone - http://finaflormonicamontone.com]
[A foto acima me intriga. O que será que pensavam essas mulheres naquela época? Será que era muito diferente do que pensamos hoje?]
"Em minha alma há um rebento incansável, a lucidez que insiste em nascer a toda hora".
Cintia Liana
Foto: Cintia Liana Por Hudson Matos
Hoje lembrei tanto da música "Luz" de Djavan que não pude deixar de postá-la. Como tudo tem um motivo interno, sei que minha alma pede nesse momento essas palavras e esse som por algum motivo importante. Deve ser porque "um trem entrou no meu eu e davagou feliz".
Então, vamos curtí-la em letra e vídeo.
Luz
(Djavan)
No burro a canga
Na menina a tanga
O verde do mar é um
Verde num toque quase azul
Do infinito ao zoom...
Marelou...
Candomblé oxum
Zamburar pra tirar egum
O que não se vê
Tá aí
Como tudo o que há
Minha fé riu-se de mim
Pelo quanto triste
Eu falei de dor
Como se no fundo
Da dor
Não vivesse a paixão
Mal-me-quer...
A vida segue seu lamento
Um tanto flor
Um leito de rio
No cio
Um cheiro de amor
É amor
Quando não diz
É fogo por um triz
Um trem entrou
No meu eu
E divagou feliz...
E na dor
Eu passo um giz
Arco-irisando a solidão
Na lição
Que o sol me traduz:
Viver da própria luz
Comigo o mito da loira burra virou uma idéia estapafúrdia, ridícula, piada.
Desculpe decepcionar alguns homens mas, para ser bonita não preciso ser burra. Não preciso de homens me paparicando para me sentir linda e importante, não necessito de cavalheirismos baratos, nem ajuda para estacionar meu carro, obrigada.
Lamento frustrar as expectativas masculinas, mas dirijo meu Volvo 2.0, motor turbo, 217 cavalos de potência, melhor que todos vocês, cavalheiros. E não adianta dizer que é carro de homem, pois quando eu comprei não veio escrito isso no manual.
Sou pós-graduada e ganho dinheiro exercendo a minha profissão, a que escolhi para a minha vida.
Brincadeiras e ironias um tanto esnobes à parte mas nós, loiras, sentimos um certo preconceito sim e que só não é pior porque ganhamos cortejos, delicadezas e gentilezas na maneira de nos tratar, mas sentimos que esperam de nós só graça e beleza, mas eu não me contento com isso, eu sou mais, sou garra, inteligência, perspicácia, coragem e agressividade quando necessário.
Descreverei dois conceitos originários de Freud para explicar algumas distorções, conceitos esses que foram motes de uma de minhas três monografias de conclusão de curso apresentadas em 2000 na PUCCAMP, uma das melhores universidades do País, situada em Campinas-SP, maior celeiro acadêmico e de pesquisa da America Latina.
Transferência e contratransferência, instrumentos de trabalho em um processo de psicoterapia psicanalítica individual, também dizem respeito a tipos de vínculos que estabelecemos com as pessoas, que são baseados em padrões que exercitamos durante toda a vida.
Quando conhecemos alguém transferimos para ela um padrão de imagem, isso irá depender de quem essa pessoa nos lembra, com quem esse pessoa se parece e então acabamos por tratá-la e nos reportarmos à ela da mesma forma que tratamos aquelas mesmas pessoas que ela nos faz lembrar. Funcionamos, estimulamos e damos os mesmos tipos de respostas.
Acontece que como ninguém é igual, e muito menos essa pessoa com as quais ela se parece, acabamos por solicitar respostas e formas de se comportar que nem sempre ela quer ou pode dar. Mas se essa pessoa acaba por responder da forma que queremos, porque é levada a isso, chamamos isso de contratransferência.
Por exemplo, um homem vê uma loira linda, que tem um jeito de falar e se expressar assim como uma de suas amigas e ele chega "cheio de graça", desejando que ela se comporte da mesma forma simpática e ingênua que aquela amiga dele. As chances dela dar essas respostas que ele deseja são grandes, por causa dos estímulos que ele emitirá. A loira o tratará bem, será delicada, e educada e isso se chama contratransferência. Ou seja, ela correspondeu às expectativas dele.
Assim acontece com algumas pessoas que se aproximam de mulheres bonitas e loiras e já esperam que ela seja sedutora, fútil, ingênua, meio boba, mas nunca esperam que sejam sérias, competentes e fiéis a seus princípios e ideais.
É claro que todo esse processo ocorre em nível inconsciente.
O mito da loira burra é real e ganhou o mundo graças ao cinema. A literatura afirma que mais exatamente com a bela Marilyn Monroe, diva de Hollywood que interpretou diversas personagens fúteis e sedutoras. Loiríssima que seduz milionários. O filme foi baseado no romance homônimo da norte-americana Anita Loos, lançado em 1925. Anita contava que teve a idéia numa viagem de trem. Enquanto ela, morena, arrastava as malas sem comover a ala masculina, uma loira ao seu lado era paparicada por todos os marmanjos. Hoje o estereótipo é alimentado, em grande parte, pelos homens.
O psicólogo Tony Cassidy, da Universidade de Coventry, na Inglaterra, em sua pesquisa, mostrou que, apesar de preferirem as loiras, eles acham que elas são menos inteligentes. No Brasil, o preconceito sobrevive graças a uma mentalidade branqueadora.
"Nosso ideal de beleza privilegia as mulheres de pele clara e as loiras", diz o antropólogo Renato da Silva Queiroz, da USP. "A lenda da loira burra seria, então, uma espécie de vingança das morenas", diz.
*Segundo o Discovery Channel, a origem do estereótipo de que loiras são burras ocorreu por uma estratégia montada por empresários judeus que objetivavam denegrir a raça ariana, a superioridade da raça branca da ideologia nazista; escolheram uma das atrizes de maior destaque em Hollywood da época, a loira ingênua Marylin Monroe e fizeram uma grande campanha publicitária.
Entendo que deva ser mais fácil se sentir homem ao lado de uma mulher bonita e burra, porque lidar com uma mulher inteligente não é para qualquer homem, só para os de verdade.
Tem que ser muito homem para aceitar a inteligência e sucesso de uma grande mulher, tem que ser muito seguro para se relacionar com uma mulher inteligente e bem sucedida, então, como homens que se prezam estão em extinção, eles insistem em esperar que sejamos burras, mas acabam se frustrando ou nos enxergando da maneira que querem.
Depois chega o tal do Gabriel O Pensador, que se intitula pensador, estampando em seu nome artístico tal adjetivo e faz uma música taxando as loiras de burra. Sei que ele se refere à mulheres em geral, que vivem nos salões de beleza, pintando os cabelos, cuidando da aparência externa, vivendo na alienação da vaidade, mas isso foi prestar um desfavor a sociedade porque reforçou o preconceito frente as loiras e o desejo dos homens em terem mulheres burras com as quais eles poderiam se relacionar, sem medo de se sentirem inferiores.
Comigo a regra ficou louca. Como dizia minha avó, "comigo não, violão!".
Estou aqui para quebrar regras, romper com preconceitos, apreender o novo, ensinar o libertário, lançar desafios e me superar sempre. Adoro ser loira, amo me sentir bonita, mas o meu maior gozo é ser inteligente.
[Marilyn Monroe, nome artístico de Norma Jean Baker (nascida Norma Jean Mortenson; Los Angeles, 1 de junho de 1926 — Los Angeles, 5 de agosto de 1962) foi uma atriz americana.
É uma das mais famosas estrelas de cinema de todos os tempos, um símbolo de sensualidade e um ícone de popularidade no século XX.
Marilyn começou a carreira em alguns pequenos filmes, mas a sua habilidade para a comédia, a sua sensualidade e a sua presença no ecrã, levaram-na a conquistar papéis em filmes de grande sucesso, tornando-a numa das mais populares estrelas de cinema dos anos 50. Tinha 1,67 m de altura, 94 cm de busto, 61 cm de cintura e 89 cm de quadril. Apesar de sua beleza deslumbrante, suas curvas e lábios carnudos, Marilyn era mais do que um símbolo sexual na década de 50. Sua aparente vulnerabilidade e inocência, junto com sua inata sensualidade, a tornaram querida no mundo inteiro.]
Fonte:Wikipédia
Mote:
1. LITERATURA pensamento expresso em um ou mais versos para ser desenvolvido na glosa;
2. tema; assunto;
3. epígrafe;
Estereótipo:1.chapa ou clichê usado em estereotipía.
2.trabalho impresso por meio de estereotipía.
3.modelo conceitual rigido que se aplica de forma uniforme a todos os indiviuos de uma sociedade ou grupo, apesar de seus matizes e divergencias.
"Sou um ser questionador, em constante movimento. Não me condenem por minha opinião, ela pode mudar em um minuto. Meu pensamento é rápido e estou usando-o há todo tempo para processar minhas percepções e conhecimentos bordados de seus múltiplos detalhes."
Cintia Liana
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"Ponderar a opinião dos outros não significa ter que dispensar a sua. Não se trata de uma competição." Cintia Liana
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"Normalmente todas as opiniões são pouco para mim, inclusive as minhas. Eu quero sempre mais. Eu quero sapatear em todas as possibilidades mais sábias, eu quero transcendê-las."
Palavras que brindam o pensamento como forma de crescimento:
“Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse.”
Friedrich Nietzsche
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"Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada e começa a criar répteis no espírito."
William Blake
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"A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião." Arthur Schopenhauer
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"Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos."
Eduardo Galeano
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"O progresso é impossível sem mudança. Aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada." George Bernard Shaw
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"O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete."
Aristóteles
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"Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre."
Dois filmes maravilhosos que assisti nas últimas semanas:
"Do começo ao fim" e "Abraços partidos".
"Do começo ao fim"
De Aluízio Abranches
Foto: Google. Filme "Do começo ao fim".
Falsos moralistas de plantão terão um choque ao vê-lo. Uma amiga, ao sair da sessão de cinema disse-me ao telefone, "eu não indico, os pais se comportam como se achasse natural a relação afetivo sexual entre os dois irmãos homens! Nada fazem, muito estranho!". Quando ouvi isso pensei, "isso é arte! Incomodou? Assistirei hoje!".
Falei para minha amiga que essa é a função da arte, causar impacto, fazer pensar, sentir ou confundir, não é influenciar, manipular, perverter e muito menos convencer ninguém a nada. É uma espécie de catalisador capaz de fazer as pessoas pensarem sobre suas vidas, cultura e valores. Se elas estiverem dispostas e aptas, é claro! Porque tem gente que está fechada, rígida, inerte e com medo de crescer, sair do lugar, perder um pseudo auto controle.
Não ver o filme por preconceito frente a trama é dizer, "quero continuar ignorante". Ninguém se torna homossexual e dá em cima do próprio irmão só porque viu a um filme, muito menos passa a achar isso natural. Mas nos faz pensar sobre coisas diferentes das habituais, nos faz questionar a realidade.
Os quase nulos patrocinadores não quiseram sair do anonimato. De fato, ver dois irmãos prestes a ter uma caso de amor envolvendo sexo é de incomodar qualquer um, mas o mais chocante já aconteceu, mortes de homossexuais por homofóbicos loucos. Isso a sociedade já permitiu.
Morte por preconceito x amor que envolve tabu. Tabu esse descrito por Freud que nos faz entender muitas coisas, o horror do incesto, por exemplo.
Em alguns momentos, percebia uma histeria quase que geral da platéia, algumas cenas causavam incômodo mesmo, havia uma conversa, inquietação, beirando a falta de educação típica dos cinemas lotados de gente que não sabe assistir contemplando. Tinha uma parte da platéia que mais parecia mais uma mesa de bar meio a copa do mundo e um homem na cadeira de trás que não parava de chutar a poltrona ao lado da minha, este homem acabara, sem perceber, de adotava o mesmo título do filme, "do começo ao fim" o homem chutava a poltrona. Maldita falta de educação e respeito!
É difícil assistir ao filme, pois estamos impregnados cegamente pelas regras que nos constróem, mas ao mesmo tempo o filme traz uma delicadeza admirável ao tratar assunto tão delicado, sem levar os humores dos pais ao limite, a agressão ou a usar o ego ideal. Os pais vêm que algo está acontecendo, mas não se atrevem a fazer nada em especial afinal, separar os irmãos? O que seria mais correto? E o que é correto? Por que é correto? Os filhos sempre se respeitaram muito.
Não defendo a prática do que vi. Isso é claro. Mas a obra nos leva a refletir sobre uma outra forma de ver e agir, sem controlar, usar da força, agressão, repressão ou julgamento e muito menos do que se espera das grandes massas.
O autor conseguiu trazer a luz da reflexão sobre os nossos valores e educação, uma reflexão séria que nos leva a outros temas e situações da vida.
Unir sexo e tabu a delicadeza de forma bastante poética e respeitosa foi um aspecto de sucesso do filme, apesar de sua polemicidade.
E viva a criatividade!
[Aluisio Abranches é cineasta brasileiro. Acumulou experiências trabalhando como assistente de direção e produtor de vários filmes, estreando na direção de longas-metragens em 1999 com Um Copo de Cólera, inspirado na novela homônima de Raduan Nassar. Aluísio se formou primeiramente em economia.]
Se for ler a sinopse de "Abraços partidos" não o assistirá, pois não expressa nada do que verá. Na sinopse que li passava ser um filme depressivo, triste e monótono. Acabei vendo-o por causa do horário e não pela motivação natural que a arte me traz. O filme já estava começando, mas também não deixaria de ver um filme de Almodóvar, o veria nem que fosse em outro momento.
Não me arrependi. O filme é muito interessante e prende a nossa atenção. Almodóvar sempre surpreende com suas tramas nada convencionais e Penélope Cruz se mantém linda e talentosa com um ar de "Bonequinha de Luxo" arrebatadora.
[Pedro Almodóvar Caballero (Calzada de Calatrava, 24 de setembro de 1949) é um cineasta, ator e argumentista espanhol. Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem sua família tinham dinheiro para pagar seus estudos. Antes de dirigir filmes foi funcionário da companhia telefônica estatal, fez banda desenhada, ator de teatro avant-garde e cantor de uma banda de rock, da qual participava travestido. Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Óscar de melhor diretor. Homossexual assumido, seus filmes trazem a temática da sexualidade abordada de maneira sublime.]
Vamos dar bilheteria aos filmes nacionais e espanhóis!
Durante a minha infância, sempre passava em frente aquele pequene quadro na sala da casa da minha avó, via um desenho do rosto de Chaplin e lia sua frase: "Só odeiam os que não se fazem amar".
Aquele homenzinho sempre me chamou a atenção desde criança por suas palavras sábias, sempre apontando para a importância da ternura.
Na época não entendia ao certo a responsabilidade daquela frase, mas hoje, mulher, não só entendo, como também acredito nisso.
Hoje elegi quatro pequenos textos dele que gosto muito e dizem muito do que eu penso do mundo.
Foto: Cintia Liana Por Hudson Matos
Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.
Charles Chaplin
Foto: Cintia Liana Por Hudson Matos
O Caminho da Vida
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin
Foto: Cintia Liana Por Hudson Matos
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Charles Chaplin
Foto: Cintia Liana Por Hudson Matos
Minha fé é no desconhecido, em tudo que não podemos compreender por meio da razão. Creio que o que está acima do nosso entendimento é apenas um fato em outras dimensões e que no reino do desconhecido há uma infinita reserva de poder.
Charles Chaplin
Repassar pensamentos sábios de amor são sementes que plantamos para a reflexão de alguém que precisa mudar, se humanizar.
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Sir Charles Spencer Chaplin, Jr., KBE (Londres, 16 de Abril de 1889 – Corsier-sur-Vevey, 25 de Dezembro de 1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, foi um ator, diretor, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos atores mais famosos do período conhecido como Era de Ouro do cinema estadunidense. Além de atuar, Chaplin dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente compôs a trilha sonora de seus próprios filmes, tornando-se uma das personalidades mais criativas e influentes da era do cinema mudo.
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
[Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900) foi um dramaturgo, escritor e poeta irlandês, expoente da literatura inglesa durante o período vitoriano, sofreu enormes problemas por sua condição homossexual, sendo preso e humilhado perante a sociedade.]
Após a matéria do Jornal Correio da Bahia "Fada da Adoção", o fotógrafo Hudson Matos me fez um convite irrecusável, realizar um ensaio fotográfico intitulado "Fada", tendo como cenário a Reserva do Parque Sauípe.
Hudson Matos é um jovem artista de muita sensibilidade, cheio de vida e criatividade. Isso merece uma exposição. Quem sabe num futuro bem próximo? Aguardem nossas próximas travessuras. Ficou lindo! Confiram algumas fotos.