Em nosso olhar moram certezas, dúvidas, desejos, mágoas, alegrias, expectativas, e isso "contamina" o que é olhado. Dos nossos olhos até a imagem existe uma distância enorme, a distância do que se processa dentro do ser pensante. O que captamos e como captamos, uma imagem ou situação, está contaminada com uma série de preconceitos, com uma visão do que é moral, amoral ou imoral que é nossa, adquirida ao longo de nossas vidas, baseadas em nossos valores, aprendizados, costumes, hábitos familiares, da comunidade, da sociedade e cultura em que estamos inseridos e trazemos crenças e formas de pensar que às vezes ultrapassam gerações e gerações. O jeito de vivenciar e manejar aquela tal situação pode não passar de mais um ítem do repertório intergeracional familiar.
O Construcionismo Social tem uma excelente frase: “O olhar do observador deforma a realidade”. Tudo o que nós vemos está contaminado com nossas próprias referências e crenças, que às vezes arrastamos por décadas.
Aquela pessoa que você tinha certeza de que era louca, outra que era boba, ou ingênua, será que era mesmo? Ou ela era quando estava com você, que a fazia sentir-se assim? Pois é, comece a perguntar e perguntar sempre, caro amigo. Nunca é demais ter essas dúvidas.
Às vezes a gente funciona da forma que o outro espera e nem percebemos. Lindo isso! Isso é ser humando, é ser gente, ser cheio de dobraduras e possibilidades.
Penso que o ser humano inteligente é o que questiona, que quer ver além dos horizontes impostos por normas e códigos de conduta.
Precisamos abandonar o pensamento tradicional e desenvolver um pensamento pós moderno, pensamento este que entende que o ser humano tem capacidade de abarcar sistemas que são móveis e esse espaço é atemporal e ilimitado e demanda e permite um pensamento híbrido, abertura e transformação em todos os setores da vida.
O pensamento conquistado na pós-modernidade é o pensamento “transdisciplinar, transparente, que lida com a possibilidade do ser-e-não-ser e com as infinitas cores do jogo de luzes de um caleidoscópio”. (WEBER)
Fluidez paradgmática é outra característica do pensamento pós-moderno, o que não mais permite a postura maniqueísta e parcial, pois existe uma gama de solicitações existenciais. É preciso ajustar o velho com o novo e adquirirmos equilíbrio nesse momento de revolução paradigmática.
Por Cintia Liana
- Papai, inventei uma poesia.
- Como é o nome?
- "Eu e o sol".
Sem esperar muito, recitou:
- "As galinhas que estão no quintal já comeram duas minhocas, mas eu não vi."
- Sim? Que é que você e o sol têm a ver com a poesia?
Ela olhou-o um segundo. Ele não compreendera.
- O sol está em cima das minhocas, papai, e eu fiz a poesia e não vi as minhocas...
[Clarice Lispector – Perto do coração selvagem]
- Como é o nome?
- "Eu e o sol".
Sem esperar muito, recitou:
- "As galinhas que estão no quintal já comeram duas minhocas, mas eu não vi."
- Sim? Que é que você e o sol têm a ver com a poesia?
Ela olhou-o um segundo. Ele não compreendera.
- O sol está em cima das minhocas, papai, e eu fiz a poesia e não vi as minhocas...
[Clarice Lispector – Perto do coração selvagem]
Lispector ainda diz: ""Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido". Ela é perfeita. Mente livre. Isso é ser inteligente!
Quanto mais abrimos nossos horizontes, mais nos tornamos inteligentes para perceber o mais sutil. Para mim, inteligência é a capacidade de enxergar e entender o que os outros nem imaginam que exista.
Em tudo mora um mistério.
Por Cintia Liana
Quanto mais abrimos nossos horizontes, mais nos tornamos inteligentes para perceber o mais sutil. Para mim, inteligência é a capacidade de enxergar e entender o que os outros nem imaginam que exista.
Em tudo mora um mistério.
Por Cintia Liana
2 comentários:
Inteligência é a capacidade de enxergar e entender o que os outros nem imaginam que exista.(Cintia Liana)
Perfeito, Cintia.
Suas considerações sobre inteligência se constituem numa verdadeira aula de filosofia. Aula de quem consegue enxergar com o coração e de quem tem a certeza de que nem sempre o que vemos é a realidade.
Você explica muito bem a influência do que somos e do que acreditamos e até do pensamento familiar, que se perpetua em sucessivas gerações, naquilo que vemos."Tudo o que nós vemos está contaminado com nossas próprias referências e crenças"
Citando Weber e a transdisciplinariedade e a transparência do pensamento,tendência pós moderna, você guia o leitor, mostra um caminho a seguir. Antes de julgar, de rotular , analisar todas as possibilidades.
Vá em frente. Parabéns.
Roza (Aracaju- Sergipe)
Filha seu blog tá 10 (dez)!!!! Amei esse artigo. Parabéns!!!!!
Te amo,
Sua mãe
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